Europa inaugura fronteiras digitais e aposenta o carimbo nos passaportes
A partir deste domingo, 12 de outubro de 2025, o ato simbólico de carimbar o passaporte na chegada à Europa ficará no passado. O continente inicia oficialmente o funcionamento do Sistema de Entrada e Saída (EES), uma nova tecnologia de controle migratório que substituirá o método manual de registro de viajantes por um modelo totalmente digital e biométrico.
A mudança, que vinha sendo planejada há quase uma década, promete alterar a experiência de milhões de turistas, incluindo brasileiros, que visitam o continente todos os anos.
Como vai funcionar o novo modelo
O sistema reunirá, em uma base de dados única, informações sobre cada entrada e saída de cidadãos de fora da União Europeia. Na prática, isso significa que ao chegar ao continente, o passageiro terá suas impressões digitais e uma foto facial coletadas — dados que substituirão o antigo carimbo de papel.
As informações armazenadas indicarão o tempo de permanência permitido, normalmente de até 90 dias a cada 180, e permitirão que as autoridades monitorem automaticamente quem ultrapassar o prazo.
Com isso, a União Europeia busca tornar o controle de fronteiras mais rápido, seguro e preciso, reduzindo fraudes e estadias irregulares.
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A quem o sistema se aplica
O EES vale para viajantes vindos de países que não fazem parte do Espaço Schengen, mas que não precisam de visto para estadias curtas — categoria que inclui brasileiros, canadenses, norte-americanos, australianos e outros.
Quem possui visto de residência, cidadania europeia ou autorização de longa duração não precisará passar pelos mesmos registros biométricos, já que seus dados permanecem vinculados a sistemas nacionais.
A implantação e o período de transição
O EES começará a operar neste domingo, mas nem todos os aeroportos e postos de fronteira estarão prontos de imediato. Cada país do bloco terá um período de adaptação de até seis meses para instalar equipamentos e treinar agentes. Durante esse tempo, os carimbos poderão continuar sendo usados em pontos onde o sistema ainda não estiver totalmente ativo.
De acordo com o Conselho Europeu, a meta é que até o primeiro semestre de 2026 todas as fronteiras externas do Espaço Schengen estejam operando digitalmente.
Por que a Europa está adotando essa medida
O projeto faz parte de uma estratégia maior para modernizar o controle de fronteiras e combater a migração irregular. Estima-se que milhares de viajantes de fora da UE ultrapassem o tempo máximo de permanência todos os anos, muitas vezes sem registro preciso.
Com o novo sistema, a fiscalização será automática: o EES identificará, em tempo real, quem entrou, quando saiu e quem permanece além do permitido. Para as autoridades europeias, isso representa um avanço no cumprimento das leis migratórias e na segurança interna do bloco.
Além da eficiência, o sistema também pretende reduzir erros humanos e fraudes de identidade, substituindo procedimentos manuais por reconhecimento facial e digital.
Possíveis efeitos para os viajantes
Nos primeiros meses, a expectativa é de filas e lentidão em alguns aeroportos, já que todos os turistas precisarão realizar o cadastro biométrico pela primeira vez. Após esse registro inicial, as viagens seguintes deverão ser mais ágeis.
O EES não altera o tempo máximo de estadia, mas torna impossível prolongar a visita além dos 90 dias sem autorização formal. Cada movimentação será registrada digitalmente, e eventuais irregularidades poderão resultar em alertas automáticos ou restrições futuras de entrada.
Privacidade e proteção de dados
Como todo sistema baseado em biometria, o EES levanta discussões sobre privacidade. A União Europeia afirma que o projeto segue os padrões do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), garantindo que as informações coletadas sejam usadas exclusivamente para controle migratório.
Os dados serão armazenados por um período limitado e acessíveis apenas às autoridades competentes, mas entidades de direitos digitais cobram transparência e fiscalização constante para evitar uso indevido das informações.
Um novo capítulo nas viagens internacionais
Com o início do EES, a Europa se junta a países como Estados Unidos e Canadá na transição para fronteiras totalmente digitais. O gesto simples de receber um carimbo — memória de milhões de turistas, dá lugar a um processo automatizado, mais tecnológico e menos pessoal.
Para os viajantes, a recomendação é simples: chegar com antecedência aos aeroportos e estar preparado para o novo registro biométrico. A partir de agora, cada entrada e saída do continente europeu será registrada com precisão milimétrica, marcando o fim de uma era e o começo de outra, a das fronteiras inteligentes.
