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A Roda dos Expostos: a prática do abandono de crianças na Itália

A Roda dos Expostos: a prática do abandono de crianças na Itália

A "roda dos expostos" foi uma prática histórica que existiu em vários países europeus, incluindo a Itália. Tratava-se de um dispositivo onde bebês indesejados podiam ser deixados de forma anônima e segura, abandonados à própria sorte.

Muitas vezes, durante a busca de documentos para o reconhecimento da Cidadania Italiana de uma família, descobrimos que o antepassado italiano de um cliente era exposto.

1. O dispositivo e sua utilização

A roda funcionava com um dispositivo, uma espécie de tambor rotativo que girava em torno da parede externa de uma instituição, como um orfanato, hospital ou igreja. A criança era colocada dentro do tambor, que girava para o lado de dentro, onde era recebida por uma pessoa responsável.

Pessoas que não podiam ou não queriam cuidar de seus filhos podiam deixá-los ali,  de forma anônima, muitas vezes envoltos em mantas ou cestas, sem serem identificados. Essa prática era comum durante os séculos passados, quando a pobreza, a guerra, o estigma social e outras circunstâncias levavam muitas mães a abandonar seus filhos.

Naquela época, a esperança de sobrevivência para um bebê era pouco mais de 60%. Para os abandonados, ainda muito menores. As doenças mais frequentes encontradas entre as crianças abandonadas eram sarna, escabiose e outras dermatoses, verminoses, doenças pulmonares, sífilis e febres em geral.

2. A roda na Itália

Na Itália, a roda dos expostos era conhecida como "ruota degli esposti" ou "ruota dei trovatelli". Sua história remonta ao século XII. A primeira roda foi instalada em 1178 em Roma, no Hospital de Santo Spirito em Sassia, por iniciativa do Papa Inocêncio III. O objetivo era reduzir o infanticídio e dar às crianças abandonadas uma chance de sobreviver.

A prática se espalhou rapidamente pela Itália e por toda a Europa. Em seu auge, no século XVIII, havia milhares de rodas em funcionamento. No entanto, o costume a partir do século XIX, o costume começou a cair em desuso. As razões para isso incluem o aumento da natalidade, a diminuição da pobreza e o surgimento de novas formas de assistência social.

Além disso, a incapacidade econômica dos orfanatos para administrar um número tão grande de crianças, a alta mortalidade infantil e a crença das autoridades de que a roda tornava muito fácil para qualquer um se livrar de uma criança levaram à decisão de abolir a roda de crianças expostas.

A primeira província a abolir a roda na Itália foi Ferrara em 1867, depois Brescia em 1871 e todas as rodas desapareceram oficialmente em 1923 com o regulamento geral para o serviço de assistência aos expostos do primeiro governo Mussolini.

Mesmo assim, o legado da roda dos expostos continua vivo. As crianças que foram abandonadas são conhecidas como "enjeitados" ou "expostos". Muitos deles buscaram seus pais biológicos na idade adulta.

As crianças ali deixadas às vezes traziam consigo objetos que pudessem identificá-las no futuro. Por muitas vezes, aquelas mães sonhavam em um dia retornar para buscar seu filho. Esses objetos em divididos ao meio, como meia imagem de um santo, um dos brincos de um par, metade de uma medalha. A esperança era reconhecer esse bebê no futuro, juntando as duas partes desse objeto.

Essas crianças eram batizadas, a elas era dado um nome e ali começava o seu percurso de acolhimento e atenção, sendo banhadas, examinadas, tratadas e alimentadas.

3. Seu antepassado pode ter sido uma dessas crianças?

Se você está pesquisando sobre seus ancestrais italianos e acredita que eles podem ter sido abandonados na roda dos expostos, existem algumas coisas que você pode fazer.

Primeiro, você pode tentar encontrar registros de nascimento da criança. Em muitos casos, os registros de nascimento de crianças expostas indicavam o local onde foram encontradas. Você também pode tentar encontrar registros de orfanatos ou instituições de caridade que cuidavam de crianças abandonadas.

No entanto, o mais fácil é buscar ajuda especializada de um genealogista em pesquisa italiana, com acesso a recursos e conhecimentos que podem ajudar a encontrar seus ancestrais mais rapidamente.

Essa condição não limita em nada o direito à Cidadania Italiana! São histórias de superação e esperança, de pessoas que hoje permitem que seus descendentes  usufruam dos inúmeros benefícios em serem cidadãos italianos.

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